|
Elvis Presley em 1967 |
No
começo da tarde de 16 de agosto de 1977 a modelo Ginger Alden procurava
seu noivo pelos cômodos da mansão de quase 55 quilômetros quadrados em
Memphis, no Tennessee, batizada de Graceland. À época com 21 anos, a
jovem sabia dos compromissos do namorado, que tinha um voo marcado para
aquele dia, quando começariam as preparações para uma nova turnê. O fim
trágico da procura banal calou fundo nos corações de milhões de fãs em
todo o mundo e mobilizaria alguns milhares de norte-americanos nas
próximas semanas: Ginger encontrou o corpo de Elvis Presley caído no
chão de um dos oito banheiros da casa.
Conduzido ao Baptist Memorial Hospital, o rei do rock não pôde ser salvo
e teve a morte registrada às 15h30 do mesmo dia. Ainda hoje, os motivos
que levaram ao falecimento são alvo de controvérsia e levantam
hipóteses de overdose, sufocamento e outras teorias mirabolantes.
Em 2010, o médico responsável pela saúde do cantor no fim da vida,
George Nichopoulos, declarou à Fox News que um caso de constipação
intestinal crônica teria levado à fatalidade. Contudo, um ataque
cardíaco iniciado por arritmia foi a causa da morte de Elvis
oficializada por laudo médico e aceita pela família.
O velório do ídolo atraiu cerca de oitenta mil pessoas aos
portões de Graceland, onde o corpo foi enterrado dois dias depois da
morte. Seu último single lançado em vida,
Way down, havia chegado às lojas três meses antes. Com desempenho
fraco em suas primeiras semanas, a canção chegou ao topo das paradas
nos EUA e no Reino Unido após o falecimento do intérprete.
Os dias que precederam a morte de Elvis Presley foram marcados por uma
rotina intensa de shows, que acabaram cancelados à medida em que o
cantor apresentava um estado de esgotamento físico. O rei tinha
problemas diagnosticados como o vício em remédios de venda controlada e a
irregularidade alimentar, que o levavam da obesidade à magreza em
pequenos espaços de tempo. A situação já era grave desde 1973, quando
seus compromissos somavam 168 apresentações em 12 meses. Naquele ano,
uma overdose de barbitúricos o manteve em coma por três dias, e um
incidente parecido ainda afetaria a agenda do astro pela segunda vez.
As condições de saúde eram motivo de preocupação para família e equipe
desde o fim da década de 60, quando o cantor começou a manifestar
profundo descontentamento em relação à carreira. O casamento com
Priscilla, em 67, e o nascimento da única filha, Lisa Marie, um ano mais
tarde, mantiveram-no distante dos palcos até o fim de 1968, quando
realizou um concerto transmitido pela NBC que ficaria marcado como o
Especial de retorno do artista.
Com trajetória artística iniciada em 1953, Elvis Presley transitou entre gêneros, eternizou o estilo
crooner na
interpretação do rock 'n' roll e encantou o mundo com suas dimensões de
super estrela. Atuou no cinema em uma extensa lista de sucessos e
conseguiu manter-se no topo do cenário musical em 24 anos de carreira.
Enquanto acumulava prêmios, recordes de vendas e uma enorme fortuna, o
astro também desenvolvia uma relação de proximidade com o público que
seria referência para os ídolos que o sucederam.
Ele foi o primeiro artista a sofrer gravemente com a evasão de
privacidade que também mais tarde comprometeria o equilíbrio pessoal de
artistas como Michael Jackson — um fã obcecado de Elvis — e outros nomes
de repercussão global. A dedicação histéria dos fãs e o assédio
constante da imprensa fizeram da queda de Elvis Presley um caso público,
observado passo a passo e refutado veementemente por seus admiradores
ferrenhos.
Trinta e cinco anos depois, o falecimento do rei do rock ainda é tema de
debates e questionamentos. Assim como outros ícones da cultura popular,
o legado de Elvis está cercado de mitos, entre os quais a crença de que
a morte não foi real. Para fãs que se renovam a cada geração, o
trabalho do cantor é ressuscitado a cada nova execução de suas canções,
em cada performance de um dos seus inúmeros imitadores e por cada
artista renomado que se apresenta sob influência de suas obras.
Mas
entre os que estão mais apegados à sua existência, a verdade é que
Elvis não morreu, de fato — e que as centenas de pessoas reunidas em
Graceland para recordar sua história se unem apenas por uma ideia, uma
esperança que vai além da admiração.